Ventos
Março 25, 2022
Carlos Palmito
Ao sabor do vento partiram eles, velas cheias, barcos a navegar rumo ao desconhecido, em águas umas vezes calmas agitadas suavemente por ele, outras vezes furiosas, tempestuosas, como se Éolo se tivesse unido a Poseidon num ódio ao homem e o seu barco, aos destemidos desbravadores dos novos mundos.
Ao sabor do vento gélido da manhã se arrepiava a tua pele nua, sentindo prazer no ato da caricia refrescante, assim era o vento, assim era a pele.
Ao sabor do vento dançavam as árvores nos bosques do esquecimento, nas florestas das memórias, bailavam sem parar, sem morrer nem tombar, contudo, noutras florestas, noutros esquecimentos caíam golpeadas por ele, pela sua raiva, pela sua força.
Ao sabor do vento, sim... ao sabor do vento inspiro o ar, porque ele dá-me vida e alento, expiro o ar, inspiro o vento, expiro o vento.
Por vezes quente como se o Inferno estivesse junto à minha pele, outras vezes gelado, e aqui, neste outro inferno, as chamas congelaram.
Vento, a vida e a ruina, o que trazes para mim hoje, o que trarás para mim amanhã?
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