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Gritos mudos no silêncio das palavras!

Aqui toda a palavra grita em silêncio, sozinha na imensidão de todas as outras deixa-se ir... Adjetiva-me então

Balada do Planeta Azul

Dezembro 29, 2023

Carlos Palmito

arte-digital-com-o-homem-e-o-planeta-terra.jpg

Águas que correm das montanhas para o mar,
mágicas, sonoras, puras, cristalinas… refrescantes fontes de vida.
Babuínos, bisontes, brisas e odores de pinhais… tudo se liga
intrinsecamente nesta valsa, cujo maestro desapareceu faz tempo.
É tempo de curar o que o homem feriu. Cicatrizar a chaga aberta no peito de Gaia.
Ninguém é dono da natureza, ninguém possui as pétalas da terra que sangra por nós.
Temo por ti, mãe. Temo pelos anos sombrios em que vivemos, pelo mal que te fazemos.
És vida… que respira, que bamboleia, que nos alimenta… que sofre.
-
E que faz o Homem? Semeia intensivamente, saturando os solos,
Caça indiscriminadamente, levando quase à extinção da fauna,
Obtém lucros sobre lucros sobre a morte anunciada da terra.
Ninguém é dono da natureza, ninguém possui as pétalas da terra que sangra por nós.
Observa, irmão, o quão insignificantes somos no cosmos, no tempo, no espaço.
Mostra respeito pela tua mãe. Não digo que não lucres, mas sê ético, sê…
Inteligente… que de imortais está o cemitério cheio. Um dia foste o Maestro,
Agora, para infortúnio dos que sobrevivem, és uma corda partida num violino.
-
Sente o sol que te acaricia a face, a água onde florescem peixes.
Obtém o perdão da terra; cria normas sociais, aproxima-te dos teus pares.
Colhe apenas o necessário, pesca somente o indispensável, comunga com o solo
Irradia luz, meu irmão, irradia pureza, sabes que somos mais que um parasita.
Enaltece as aldeias e vilarejos onde a conexão com o ambiente é muito mais forte.
Deseja ser sustentável, pois no planeta em que vivemos somos pequenas partículas de pó.
Acredita, quando toda a água estiver contaminada, quando todo o ar estiver envenenado,
Despojado da vitalidade que lhe é característica, sobrarão apenas ossos a brilhar ao sol.
Encontra o equilíbrio e a harmonia, deles depende a sobrevivência das espécies.

 

Imagem do FreePik

A Face Oculta da Humanidade

Setembro 06, 2023

Carlos Palmito

fuselitiresias.jpg 

Bem-vindos ao mundo da ilusão, onde tudo é exatamente o que parece,

Bem-vindas as crianças que acreditam ser simples soldadinhos de chumbo.

São derretidas e convertidas em balas, sobre as quais sucumbe o mundo.

De que serve o vosso Deus? O adeus? De que serve a messe? A prece?

 

Qual o preço a pagar para conseguirmos viver neste planalto a que chamam planeta?

Um circo, uma feira a cheirar a nenúfares e sonhos liquefeitos. Uma verdadeira aberração.

De que serve matar os inimigos da pátria, se a própria pátria se odeia enquanto nação?

Quanto mais sangue será derramado? Qual o momento em que só verão uma silhueta?

 

Uma silhueta que há muito deixou de ser um humano. É somente carne para canhão,

um alvo a abater, uma semente da erva daninha, um pecador, filho de outro Deus.

Inimigo da pátria, do Rei, do estado, num estado caótico e platónico a tresandar a ateus.

Bem-vindos. Bem-vindos. Camaradas de oração, cruzados sem causa, irmã, irmão.

 

Bem-vindos, generais barrigudos, adornados com estrelas de constelações decadentes,

E não nos esqueçamos dos padres apregoando falsas doutrinas, desprovidos de fé.

Bem-vindas, criancinhas, que servem de petisco na subserviência da ponta do pé.

Bem-vinda, minha gente, ergam-se do esgoto onde hibernam em temporadas quentes,

 

e morram! Derretam nos confins do inferno, atolados num provocador inverno nuclear.

Adeus generais, adeus padres, adeus pátrias, adeus párias, adeus aves migratórias.

Adeus canibais vegetarianos, adeus mundos e fundos perdidos em realidades ilusórias.

Os palhaços do teatro da dor fizeram a vénia final, e saíram embriagados, a cambalear.

 

A lágrima, criada sobre penas e pedras preciosas, brotou-lhe dos olhos, do coração, da alma, da tinta da caneta, da pena, e da pena com que alimentava o sofrimento.

A resistência era tudo o que lhe restava, um pingo de humanidade debaixo daquele véu de pedra.

 

 

Pintura de Henry Fuseli - Tiresias Appears to Ulysses During the Sacrifice (1780-85)

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