Gritos mudos no silêncio das palavras!

A saudade é um rio de lodo em direção ao coração, arrastando todas as suas lamas para o lamento eterno.

E hoje é o dia dela, o dia da saudade

Na água do rio crepuscular existe uma vírgula exclamada,

Uma palavra perfumada com cimento, perdida, exalada.

Existe a gaivota que foi aprisionada, interrogada e torturada,

e uma criança, meiga, doce como sal, inocentemente enterrada.

Na água do rio, afogam-se peixes-prateados, morre um oceano,

flameja um gélido sol negro, tão escuro quanto o amor draconiano.

Existem areais, estrelas, galáxias distantes, luares, um cavalo troiano.

Nela, vive um vulcão enraivecido, com um olhar penetrantemente insano.

Na água do rio,

todo o mundo perde o pio,

toda a alga tem frio,

todo o calor sente arrepio,

na água daquele rio.

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