Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Gritos mudos no silêncio das palavras!

Aqui toda a palavra grita em silêncio, sozinha na imensidão de todas as outras deixa-se ir... Adjetiva-me então

A Cappuccino and Two Drips of Rain

Fevereiro 04, 2025

Carlos Palmito


 

Love me, baby, love me
as if I were a billion light-years away,
lost in the endless haze of a galaxy collapsing upon itself,
its stars snuffed out by something darker than night.
Love me, baby, love me
as if I were dead on the outside,
a fragile shell cracking beneath whispers of a storm—
every fracture holding secrets no one dares to touch.
Love me, baby, love me
as if I were the ceiling of a madman’s asylum,
painted in frantic strokes of blood and gold,
screams trapped in the oil,
dripping into the void below.
Love me, baby, love me
as if this were our last kiss,
even if we didn’t have a first.
Love me as if I were a dream,
one that claws through the shadows of a child’s nightmare,
its edges blurred by tears.
Hold my face, kiss my forehead,
lie to me. Tell me the fire is just light,
that the bullets are doves set free.
But when the sergeant commands, “Ready, aim, fire,”
when the evil snakes come slithering toward my eyes,
tell me again, baby,
tell me everything will be okay.
And I will embrace darkness as if it were a silent tango
between the moon and a tree inside a rabbit hole hallucination.
Why do we keep forever going on this dance?
The stars hold no melodies, only frostbitten whispers
and laughs that shatter before they fall.

 

Cartas de Tarô: O Mundo (XXI)

Janeiro 28, 2025

Carlos Palmito

o_mundo.jpg

É simples.
Tão simples, meu amor!

Primeiro, a escuridão permeia-me as guelras, onde o paladar sabe a um misto de nada com lágrimas que nem me pertencem.
O ritmo caótico do coração despenca das alturas, alimentado pela adrenalina, enquanto a textura aveludada da tua língua devaneia pelo meu corpo, para uma linha constante.
Nada deveria ser constante neste mundo, meu amor.
A constância pertence aos fracos, jamais aos pensadores.

Depois... Depois de tudo, vem o vazio.
Vem um silvar dos pulmões a expiar os sete pecados de um mortal enrolado na sua mortalha. Uma nota desafinada numa flauta de cana rachada.
Imploro pelo oxigénio que já nem vem, nem vai.
Imploro pelo sorver de uma vida sôfrega, mas essa escapa-se-me a cada inspirar inóculo.

Internamente, sei que o sangue já não flui.
Congelou algures entre duas batidas cardíacas, na foto de uma polaroid empoeirada.
Odeio fotos.
São estáticas.
Nada deveria ser estático na vida, meu amor.
Os amantes não se criam na estática, exceto na estática sonora do universo, na frequência da árvore da vida.

O pensamento torna-se dormente, e o raciocínio esvai-se, até que, finalmente, a escuridão é violentada por uma torrente de luz pálida que inunda todo o espectro que me envolve.
Uma neblina matinal desperta num campo florido, ácido, onde tudo é nada, e o nada é um tudo completo.

Flutuo numa bolha, meu amor. Acreditas?
Numa bolha. A minha bolha. O meu casulo, amor.
Sou a essência da vida na morte, e a essência da morte na vida…

Ontem estava escuro. Agora está tudo bem.
Agradeço a última grinalda, essa coroa póstuma que sela a despedida com um beijo doloroso.
Sabes, amor… agora, finalmente, consigo ser eu. Consigo ser livre.
Não chores.

Perséfone

Outubro 28, 2024

Carlos Palmito

war-tank-dark-style.jpg 

E se falássemos de flores?

Das cores que as moldam. Dos tons cromáticos que as tingem... quentes, frios, ardentes, gelados... dos bálsamos inebriantes, quase hipnóticos, que nos fazem dançar na escuridão. Das pétalas aveludadas que nos pintam os dedos como telas vazias no pincel de um artista desconhecido. Da vida que as envolve. Do vento que sussurra canções de embalar ao afagar-lhes os caules.

Das coroas de margaridas e juras de amor em pétalas de malmequeres?

“Mal me quer, bem me quer, mal me quer, bem me quer.” Quem é que te quer, ó triste pétala enegrecida? Quem é que não te quer, ó sublime pétala colorida?

E se falássemos de bruxas, bruxarias e sardas a sarapintar as planícies infindáveis de um organismo vivo a quem teimam em chamar Terra?

Serão as abelhas, a zunir na imensidão do infinito, responsáveis por transportar a poeira das estrelas?

E se falássemos de sorrisos, beijos, abraços, perfumes e chuvas de verão?

Com os corpos apaixonados a rebolar nas relvas húmidas, com olhares profundos e toques suaves. E se falássemos de nascimento e regeneração?

E se bebêssemos flores, nos enforcássemos nelas e engolíssemos as suas pétalas para nos asfixiarmos em beleza?

E viajássemos em pólen? E se falássemos de flores? De estufas, prados, florestas, selvas, desertos, oceanos, rios, lagoas e jardins?

Deus... jardins!

E se falássemos de Éden e do pecado original? Ah, e as flores, todas as amaldiçoadas flores, todas as coroas de espinhos, em todas as guerras, em todas as pestes, em todas as mortes... em todos os sepulcros.

E se falássemos de áridos desertos, de lodaçais, de rochedos e de solos estéreis?

E se... falássemos realmente de flores? Secas, murchas, mortas, a embelezar uma campa esquecida numa vasta pradaria de ossos abandonados? E se...

Mas nunca falamos de flores, pois não?

Nunca falamos realmente de flores. E se falássemos de morte?

 

 

P.S. Imagem retirada do freepik

 

 

 

 

 

 

 

 

Mensagens

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D