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Gritos mudos no silêncio das palavras!

Aqui toda a palavra grita em silêncio, sozinha na imensidão de todas as outras deixa-se ir... Adjetiva-me então

Canibanalização

Outubro 12, 2022

Carlos Palmito

Pilgrim.jpg

O rei de coisa nenhuma, louco na sua solidão, dança na sombra do trono que se foi, uma enxurrada de violência trespassa-lhe o espírito, soturno o pensamento, séria a face, rosto ausente de emoção.

Nem ódio, nem amor, vive na intermitência de um frame que muda, hora após hora, pausado por cinquenta e nove minutos, assim é ele, morto por um espinho cravado na alma, chacinado pelos seus pensamentos, comovido pela merda que se tornou, resta-lhe…

Inspirar… expirar… sobreviver!

Longa vida ao monarca dos zombies.

 

P.S. - Imagem encontrada na net

Ventos

Março 25, 2022

Carlos Palmito

wind.jpg

Ao sabor do vento partiram eles, velas cheias, barcos a navegar rumo ao desconhecido, em águas umas vezes calmas agitadas suavemente por ele, outras vezes furiosas, tempestuosas, como se Éolo se tivesse unido a Poseidon num ódio ao homem e o seu barco, aos destemidos desbravadores dos novos mundos.

Ao sabor do vento gélido da manhã se arrepiava a tua pele nua, sentindo prazer no ato da caricia refrescante, assim era o vento, assim era a pele.

Ao sabor do vento dançavam as árvores nos bosques do esquecimento, nas florestas das memórias, bailavam sem parar, sem morrer nem tombar, contudo, noutras florestas, noutros esquecimentos caíam golpeadas por ele, pela sua raiva, pela sua força.

Ao sabor do vento, sim... ao sabor do vento inspiro o ar, porque ele dá-me vida e alento, expiro o ar, inspiro o vento, expiro o vento.

Por vezes quente como se o Inferno estivesse junto à minha pele, outras vezes gelado, e aqui, neste outro inferno, as chamas congelaram.

Vento, a vida e a ruina, o que trazes para mim hoje, o que trarás para mim amanhã?

 

Imagem encontrada na NET

Seduz-me

Março 17, 2022

Carlos Palmito

nudez.jpg

— Seduz-me!

Pronunciou ele em voz baixa, nu na nudez do seu quarto.

À sua esquerda repousava um revolver com apenas uma bala no tambor, na direita mil espinhos de uma rosa… as pétalas jaziam inertes no chão, numa carpete azul, como deusas celestiais chacinadas à entrada do paraíso.

— Seduz-me!

Pronunciou ele enquanto se levantava nu da sua cama despida, à sua frente um espelho partido e mil memórias fragmentadas.

No corredor uma bala iniciou o seu percurso, atravessou a porta e atingiu-o, enquanto na cidade o néon gritava:

— O rei vai nu!

O príncipe do submundo morreu.

— Odeio-te!

Pensamento final.

 

Imagem encontrada na net

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