No Castelo dos mortos
Setembro 27, 2023
Carlos Palmito
O eco dos passos solitários ressoou nas ruínas do tempo.
Trovões e valsas dançaram harmoniosamente em salões minúsculos.
Com vocábulos atípicos atirados indiscriminadamente aos crepúsculos,
às auroras, às horas, às cadências que se lamuriam no contratempo.
Em cada janela fragmentada, subsiste um eu, nas suas mais ínfimas existências.
A criança que balançava na entrada do abismo, com os pés suspensos no infinito.
O adolescente que queria transformar o mundo, coragem nos punhos, olhos de prescrito.
O adulto açaimado num jardim a tresandar a desvairos, apunhalado pelas demências.
O velho tresloucado
a escutar anjos,
orquestras sinfónicas, banjos,
num destino traçado.
Em cada tijolo existia um rosto, uma formação deformada de rocha e cimento.
Em cada porta, um fantasma, uma visão perdida, amargurada, esquecida… triste.
Em cada sopro no candelabro, uma vida desamparada, que caminha, persiste, insiste.
No castelo dos mortos, o eco dos passos solitários ressoa nas ruínas do tempo.
Imagem gerada por AI