A Estrada!
Dezembro 12, 2021
Carlos Palmito
Estrada… sim, estrada, aquele caminho que foi criado com a simples finalidade de ser percorrido, pés descalços na poeira que te assenta, estrada minha, nesta vida que é um carreiro de terra batida.
O mundo sensorial é atravessado, sentes na estrada os odores que passaram, e pressentes os que virão, mil flores e um pé de jasmim, talvez alecrim, quem sabe campos pintados a carmesim.
No cosmos assistes à morte explícita da lua, rainha sem trono, todas as estrelas são suas vassalas e o sol um amante ausente. Sempre foi sublime esta morte anunciada e prenunciada perpetuamente, a roda viva em que o que vive morre e o que morre renasce para simplesmente se desvanecer de novo, a perfeição num ciclo temporal.
O galo inicia o entoar da sua melodia, canta o encantamento para que no outro lado do ciclo o sol se erga no firmamento, mais um momento de singela pureza, as parcas nuvens incendiadas, todos os tons de laranja, e sabes que um simples novo dia se inicia, com a morte da rainha e o nascimento do imperador, reina a vida, impera o esplendor.
Se existe algo para emendar nesta estrada não consigo encontrar, talvez me tenha perdido nas suas curvas, altos e baixos, talvez me tenha apaixonado pelo simples ato de caminhar, mas uma coisa eu sei… o futuro é uma incógnita , e o passado reside numa gaveta.
Foto de Jan Tancar no Pexels