Peões na terra de ninguém
Setembro 21, 2022
Carlos Palmito
Algemas que aprisionam almas, estrelas sem brilho nos alicerces da criação, frias na universalidade gélida do cosmos.
Flores de lótus afogadas no pântano da civilização, memórias esquecidas e mágoas sem possibilidade de cicatrização, a agonia do ser que há muito deixou de estar acordado.
Olvidaram os Deuses do Homem; este seguiu em frente, na sua solitude, asfixiado pelos aromas de lavanda, as cores do barro e os olhos colados ao chão… amargurado pelo ensurdecedor som do silêncio absoluto.
Ontem choveu, era vermelha a água, sangue de batalhas anciãs, dancei sob ele, até os pulmões colapsarem, os músculos cederem e os olhos se cerrarem, mordi o lábio nesse instante e tombei sobre a minha criação.
As areias do tempo continuam o seu percurso na ampulheta da vida, ainda aqui estou!
E se esta for a derradeira realidade, a loucura insana na minha cabeça, um jogo de tabuleiro, onde somos meras peças no teatro da vida, movidas por uma coruja e uma raposa?
Texto criado para Os desafios da Abelha, nos quais de vez em quando vou participando, este é o tema 34.
Os Desafios da Abelha | 52 semanas de 2022 | tema 34, "e se..."
P.S. Imagem encontrada na net