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Gritos mudos no silêncio das palavras!

Aqui toda a palavra grita em silêncio, sozinha na imensidão de todas as outras deixa-se ir... Adjetiva-me então

Primordial

Abril 21, 2022

Carlos Palmito

desenvolvimento-embrionário-humano.jpg

Deslumbramento pelas vozes que ouve e rostos que não contempla.

Neste instante o ser encontra-se em formação, o milagre da criação explanado tanto pela ciência como pela teologia, a flutuar na vastidão do liquido amniótico.

Aqui é o universo, todas as galáxias, constelações, estrelas, planetas, santuários; nesta bolsa existencial, longe dos paradigmas universais do espaço tempo.

Cá subsiste apenas lugar para ele, proteção, carinho, amor… o primeiro dos amores, do qual jamais quererá fugir, a união por um cordão umbilical, a irmanação de duas almas que nesse instante, nessa eternidade em contagem decrescente, são apenas uma.

Poderá a magnitude celestial e até mesmo a terrena apelidá-lo de parasita, uma entidade a coabitar com o seu hospedeiro, e em tudo estará essa infinda grandeza errada, pois falta-lhe o conhecimento do que é o amor, a partilha de um momento que se perpetuará para além dos oceanos da memória.

Mas ali, o ser já em consciência, detém o conhecimento da praga que virá.

Será arrancado do local seguro, um casulo desenhado e construído para ele, rasgarão a sua união, como quem arranca um morango da terra, verá o mundo para lá do seu cosmos… e odiará.

Pudesse, e ele passaria a eternidade no ventre de sua mãe, pois tudo é perigo, dor e miséria do lado de fora.

 

 

Texto criado para os desafios da abelha, em que este é: 

52 semanas de 2022 | tema 15 - – o primeiro amor

Desafio criado por Ana de Deus

Imagem encontrada na NET

CRIATURAS NOTÍVAGA(S) Nº 6 — 20/04/2022

Abril 20, 2022

Carlos Palmito

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Bom dia!

E aqui estamos nós, mais uma semana se passou, e adivinhem, mais um conto, desta vez segue-se a continuação do da semana passada.
As criaturas notívagas estão a ganhar traços, a cidade da noite eterna está a ganhar vida a cada semana que se passa.

Segue abaixo o link para acederem ao conto.

CRIATURAS NOTÍVAGA(S) Nº 6 — 20/04/2022 - NA TOCA DE ALICE

Mais um conto da série, escrito por Carlos Palmito. Que outras criaturas a noite esconde? Serão seres humanos ou fantásticos? Algum personagem conhecido ou novidade para os leitores? Se quiser descobrir, terá que ler até o final e garanto que poderá se surpreender a cada mudança de parágrafo.


Leia, Reflita, Comente!

 

Agradecia imenso os vossos comentários, mesmo aqui, que penso que a valletibooks requeira o vosso registo para comentar.

Beijos, Abraços, e uma continuação de excelente semana.

 

Imagem encontrada no pexels.com

O Ultimo Beijo

Abril 19, 2022

Carlos Palmito

sunrise-through-the-window-zane-st-juste.jpg

Ponta da cama, cinco e meia da manhã.

A cidade está a acordar, o deus ofensor proveniente da escuridão dissipa-se pela alvura que teima em penetrar no teu casulo.

Bem perto, talvez do outro lado das muralhas ouves os primeiros carros, as vozes e passos, escutas a vida a desabrochar, enquanto contemplas o jogo de sombras no teto, espectros de uma vida que não mais usufruis, uma ilusão onde te sentes seguro.

Fechas os olhos e inspiras profundamente o ar húmido com os últimos vestígios da noite, desprovido de caricias, de ternuras, de amor. Ainda tens tempo.

Ontem foi um bom dia, sabes? Ontem será sempre um bom dia.

Existem searas nos infindos campos dos Deuses, trigais prontos a serem colhidos, chacinados por uma foice assassina… e existe ela.

Sentes o odor a perfume, flores de um jardim que não mais subsiste, uma memória residual, um hábito, era frequente este bálsamo, a constância da sua pele…

Tens uma musica em repetição na cabeça, dormiste com ela… mas sem ela… “ I looked into your eyes and, saw a world i wish i was in…”

Ontem foi um bom dia, sabes? Ontem será sempre um bom dia.

Levas a mão à bochecha, nela está o ultimo toque de uns lábios, a recordação impressa na pele do que foi o dantes, uma tatuagem na própria alma, que arde e te consome… o ultimo beijo é sempre o mais cruel.

Seis e meia da manhã, levantas-te, ontem foi um bom dia, desnudo caminhas em direção ao despertar, abres a torneira sentido a água irromper, gélida… lavas o rosto, lavas o beijo, o ultimo afeto, ontem será sempre um bom dia.

Contemplas os restos mortais de quem foste, nesse espelho falacioso que são os teus olhos, mas existirá sempre um amanhã.

Vestes o melhor dos teus fatos, passas os dedos na barba, abres a porta e sais… existe uma meta lá à frente, um trajeto a ser percorrido.

Na calçada, fechas os olhos por uma ultima vez, o beijo ainda lá está, na lembrança, despedes-te dele… desta feita, finalmente com sucesso!

 

Imagem encontrada na net

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