Papoila, papoilas, flor, flores, odores e amores. De que cores te tinjo?
Salpicados os prados a carmesim, como se de sardas em teu rosto se tratassem, tímidas ao frio e aos tempos invernosos, escondidas na pigmentação, ocultas no gelo.
Mal o verão germina, despertam na totalidade do seu esplendor, na sua exuberância, o contraste e beleza destas sardas na seda da tua derme, do teu rosto, no quente do teu corpo, que embalo na melodia deste vento, ao sabor dos tempos… e canto.
Cânticos de amor e adoração, trovas à vastidão e infinidade do incomensurável, ao ato de amar e ser amado… ao passado, presente e futuro, sem barreiras nem muros, aqui jaz a minha alma despida do meu corpo, perante ti… papoila carmesim.
Se te amar é um vírus, permite-me adoecer na genuinidade dos teus olhos, as persianas desse mundo que só a ti pertence, acolhe-me em tua alma e floresce.
Aprecia esta minha ária, segue a voz oculta nas palavras, e as palavras encobertas na voz, tu que foste uma fada perdida, sabes o quão perdido eu estou.
Oh papoila, papoilas, flor, flores, miríadas de pólenes no ar e uma vastidão de fragrâncias no nariz.
Foto de Marília Moura no Instagram